Aquisição e
desenvolvimento de competências: o meu filho vai ser futebolista?
(19/01/2018)
Quando uma mãe chega
perto de mim e me pergunta se o filho de 4 anos, após treinar durante alguns
meses na equipa de Futsal, se vale a pena investir tempo e continuar a vir aos
treinos, a minha resposta é: Sim! Quando me diz que acha que ele não tem jeito
para o futebol, e que pensa em tirá-lo da equipa, o meu conselho é: Não!
Aos 4 anos, é suposto
uma criança apresentar já um rápido desenvolvimento muscular e
verificar-se uma grande atividade motora, com maior controlo dos movimentos.
Sabe subir e descer escadas, consegue andar, correr, saltar, chutar uma bola…
mas ainda tem de aprender a controlar os movimentos mais finos e
especializados. Com as mãos, ela consegue já cortar, segurar um lápis e usá-lo
para desenhar e pintar, segura a escova dos dentes e usa-a, come sozinho com
uma colher e até pode já usar o garfo. Mas com os pés, a sensibilidade e a
aquisição dos movimentos mais específicos é diferente. Primeiro porque a
sensibilidade é diferente, afinal, andamos calçados não é? E em segundo lugar
porque implica manter o equilíbrio.
Quando chega uma criança ao seu primeiro treino observo 3 aspetos
essências:
1 - a sua relação com o outro e os eu comportamento (como começa a
interagir ou não com as outras crianças, se se põe de parte ou se integra o
grupo e se mistura, mas também se consegue perceber e cumprir uma ordem ou
seguir as instruções de um jogo ou de um exercício);
2 – se consegue andar, correr a várias velocidades, parar e recomeçar a
corrida;
3- se mantém o equilíbrio (ou melhor, se durante os exercícios pedidos
consegue perceber o seu próprio corpo, encontrar o seu ponto de equilíbrio e
agir a partir daí);
Estes três fatores ajudam-me a delinear os próximos treinos e os exercícios
a propor. Não estou diretamente a ver se a criança será ou não futebolista.
Nestas idades, que importa? Prefiro pensar neles como crianças que são e que
estão ali para se divertir. Aos poucos, o que vamos passando são regras de jogo e alguns gestos técnicos; a perceção de
jogo e jogadas mais avançadas, serão trabalhadas mais tarde – entre os 6 e os 7
anos.
A criança tem de conseguir parar a bola, com um dos pés, colocando o pé
sobre a bola. Mas para isso e em simultâneo, ela tem de usar a visão para ver
de onde vem a bola, perceber a sua velocidade e quando é a altura certa para
levantar o pé, equilibrar o corpo, colocando os braços numa determinada
posição.
Estas aquisições, num treino de futsal, observam-se treino após treino, na
repetição de diferentes exercícios, com e sem bola. A força muscular envolvida
é também importante. Quando coloca a bola parada no chão, para que uma criança
remate à baliza, não me interessa diretamente o golo em si. Interessa-me
perceber se consegue pousar um pé no chão, encontrar o seu ponto de equilíbrio,
chutar a bola e não cair para trás quando acaba o remate (pois aí perde o ponto
de equilíbrio inicial alcançado e não o consegue encontrar atempadamente antes
de cair).
Para os pais que ponderam por os filhos a fazer desporto – seja ele Futsal
ou outro – pensem que nem todas as crianças são iguais, nem todas gostam das
mesmas coisas, mas que existem aptidões que os treinadores e professores os
podem ajudar a adquirir, através de jogos lúdico-desportivos, passando depois
ao treino mais técnico.
Elsa Filipe
Educadora de Infância
Equipa de Petizes – CDR
Fogueteiro
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